Entrevista concedida ao Blog da Loja Cuba.
Sabemos que quando o primeiro filho nasce, é uma grande comemoração entre a família. O carinho e atenção são voltados para a criança, fazendo-a se sentir amada por todos ao seu redor. Entretanto, quando as mães descobrem uma nova gravidez, diferentes sentimentos brotam dos mais velhos. A chegada de um irmão mais novo faz com que o ciúme, por exemplo, seja despertado. Não apenas os pais, como também tios e avós, podem ficar confusos sobre o que fazer perante esse novo cenário. É por isso que a psicóloga Isadora Barbieri Stuchi nos ajuda a compreender mais a respeito da situação. Além disso, auxilia os adultos sobre como se posicionar, principalmente, nas atitudes do cotidiano.
O nascimento de um novo filho
A profissional começa explicando que, o nascimento de um bebê e a perda do posto de filho único é um acontecimento difícil para algumas crianças, pois gera a sensação de insegurança, já que o pequeno passa a ser o irmão mais velho.“Geralmente está associado a pensamentos que trazem à tona o medo do abandono ou da perda do amor e carinho dos pais. Pensamentos estes que a criança ainda não consegue compreender, difíceis de expressar ou controlar, como por exemplo: ‘meus pais não vão me amar mais’, ‘meus pais não terão mais tempo para mim’, ‘eles gostam mais do bebê do que de mim’, entre outros. ”
Atenção ao ciúme
Apesar de ser um sentimento muito comum, é necessário que os pais observem quando precisa ser controlado. “Alguns comportamentos agressivos, como bater e beliscar, podem vir a acontecer. Nesses casos, é necessário explicar a criança com pulso firme, calma e afeto que essa não é a melhor forma de expressar o que está sentindo, ensiná-lo a como lidar com o ciúme e impor limites […]
Além disso, o mais velho pode, inclusive, adquirir comportamentos regredidos, como voltar a fazer xixi na cama, e a pedir por chupeta ou mamadeira, para atrair a atenção. É imprescindível que os pais mostrem para a criança que ela continua importante para eles. Esses comportamentos costumam desaparecer em algumas semanas e só devem levantar preocupação se persistirem e piorarem. Nesses casos, a procura por um especialista pode ser de grande ajuda. ”
O diálogo é importante
Outro fator importante que pode colaborar para a melhoria da situação é o conversar, como esclarece Isadora. “Criar momentos de conversa para promover a partilha de sentimentos pelo filho, pondo-se no lugar dele, trará a segurança de se sentir compreendido. É importante que a novidade seja contada logo que os pais saibam da gravidez, uma vez que as crianças percebem e entendem quando seus pais estão agindo de modo diferente, além de perceberem as alterações físicas da mãe.”
Permita a participação do mais velho
Quanto mais o irmão mais velho se sentir parte das etapas até o novo bebê nascer, mais feliz ele pode se sentir. Por consequência, menos ciúme ele terá. “Deixar a criança participar da escolha do nome, da decoração e arrumação do quarto; estar presente em algum ultrassom para que ela veja (e ouça) o irmão; ser um dos primeiros a pegar o bebê no colo, são práticas que facilitam o sentimento de pertença e auxiliam no processo de compreensão dessa nova configuração familiar que será estabelecida […] O sentimento de amor e apego entre irmãos é construído ao longo da relação estabelecida por eles. É necessário reservar um tempo especial com o filho mais velho para que não haja um sentimento de desmerecimento e competição.
Por fim, incluir o mais velho nos cuidados com o bebê, com tarefas que ele consiga realizar (pegar fralda, ajudar no banho, escolher roupa), pode ajudar a estabelecer uma parceria entre os pais e o mais velho que, posteriormente, poderá ser criada entre irmãos”, finaliza.